segunda-feira, 2 de março de 2015

Amadeu Ferreira (1950-2015).




Conheci Amadeu Ferreira na Faculdade de Direito de Lisboa onde se licenciou em regime pós-laboral já com 40 anos de idade. Nunca foi meu aluno, mas os vários professores que teve elogiavam deslumbrados as suas extraordinárias capacidades de jurista. Teve por isso uma ascensão meteórica na Faculdade, onde foi assistente e onde depois fez o mestrado e preparava o doutoramento. Ao mesmo tempo assumiu funções na Comissão de Mercado de Valores Mobiliários, tendo sido por esse motivo que com ele várias vezes contactei por assuntos relacionados com esse tão difícil ramo de Direito. Entretanto, quando terminou o seu contrato com a Universidade de Lisboa, passou a professor convidado da Universidade Nova.

Amadeu Ferreira será recordado com um dos mais importantes cultores do Direito dos Valores Mobiliários em Portugal. Encarregado da disciplina de Direito dos Valores Mobiliários na FDL, publicou imediatamente umas lições sobre esse ramo de Direito, tendo escrito igualmente valiosíssimos artigos sobre este tema. Mas Amadeu Ferreira não se limitou a ser jurista. Tendo tido o mirandês como língua materna, que não podia usar no seu percurso escolar e laboral, nunca perdeu a dedicação à sua língua-mãe, tendo feito um esforço sobre-humano para a difundir e preservar. Na altura em que tristemente nos deixou, expresso a minha sentida homenagem à sua vida brilhante e à sua perene obra.

2 comentários:

Luís Graça disse...

Ao contrário da passagem de Amadeu Ferreira pelo curso de Direito, a minha foi marcada pela incompetência.
Limitei-me a tirar a melhor nota da turma em Introdução ao Direito, no primeiro exame que fiz.
Percorri a escala de notas quase toda, de 2 a 14.
Nem sabia que era possível tirar um 2.

Mas a passagem do Amadeu pela minha vida já foi muito profícua. E como não há um número mínimo de horas para se ser amigo, eu era amigo do Amadeu e o Amadeu era meu amigo.

Em Setembro de 2007, ofereci-lhe alguns livros meus perto de Boticas, nos "Dias da Criação".Um encontro cultural de alto nível.

Há horas, saiu-me um poema, que gostava de poder declamar na Casa de Trás-os-Montes, a partir das 16 horas.

O poema vai no comentário a seguir.Agora tenho de provar que não sou um robot.

Luís Graça disse...

Para o Amadeu, já com saudade.

PEQUENO DE TAMANHO E ALMA GRANDE

Pequeno de tamanho e alma grande
de bóina na cabeça, passo calmo
sempre a pensar na vida, com fleuma

Falava português e mirandês
transmontano do mundo e arredores
e até traduziu Astérix, o gaulês

Não tão famoso como o Amadeo de Amarante
este Amadeu era um amigo para todos
um Homem que sabia andar na vida

Cada sorriso trazia um abraço a tiracolo
cada piada uma sugestão para pensar
nas muitas coisas que o Amadeu sabia

Soube agora que partiu p'ra outras bandas
quero pedir-lhe que me guarde um espacinho
na mesa em que estará cheio d'amigos.

Luís Graça, 2/3/2015, 21h20m