terça-feira, 28 de abril de 2009

A entrevista de Manuela Ferreira Leite.

Pessoalmente, até acho que Manuela Ferreira Leite deu uma excelente entrevista a Mário Crespo, tendo respondido com firmeza e segurança a todas as questões que lhe foram colocadas. Cometeu, no entanto, um deslize ao equacionar qualquer cenário de coligação após as legislativas, o que legitimou a óbvia interpretação de que aceitaria um governo do Bloco Central. Viu-se, por isso, forçada a desmentir essa interpretação, o que estragou o efeito positivo que poderia resultar da entrevista. Mas essa é uma falha de comunicação sua, não fazendo sentido o PSD insistir em culpar os jornalistas por essa interpretação.
O agravamento da crise e o caso Freeport tornam neste momento imprevisível qualquer resultado eleitoral, pelo que é perfeitamente possível que o PSD venha a ganhar as eleições. Tal não invalida, no entanto, que a estratégia de comunicação do partido esteja completamente errada. Toda ela assenta na ideia de "falar verdade aos portugueses", o que é inteiramente desejável, mas não chega para ganhar eleições. A política não vive apenas de um discurso de verdade, vive também de um discurso de mobilização, ambição, e até sonho. Ponham os olhos na campanha de Obama.

domingo, 26 de abril de 2009

Um almoço n' A Selva




A 60 km do Zimbabwe, encontra-se um agradável restaurante chamado A Selva, onde é possível almoçar ao ar livre, assistindo ao voo dos pássaros. Ao contrário do que esperava encontrar, dizem-nos aqui que o Zimbabwe, apesar da crise política que atravessa, continua um país impecavelmente organizado, a fazer inveja aos seus vizinhos.

O Chimoio, antiga Vila Pery.




Mudando de província, atinge-se o Chimoio, antiga Vila Pery, cujos edifícios ainda trazem à lembrança os tempos coloniais.

Um passeio ao parque da Gorongosa.

















Da Beira consegue-se ter facilmente acesso ao Parque da Gorongosa, quase destruído durante a guerra civil de Moçambique, mas agora em franca recuperação. Os animais ilustram as paisagens de África com que sonhámos na infância, mas que agora só existe nas reservas.

O rio Savane, nos arredores da Beira.




Antes das aulas, uma visita aos arredores da Beira. Aqui, podem ver-se imagens do rio Savane.

domingo, 19 de abril de 2009

Regresso a Moçambique.


Como na canção de Sérgio Godinho, mais uma corrida, mais uma viagem. Agora novamente com destino à Beira, em Moçambique, para leccionar novo curso de Mestrado aos alunos de Direito desta cidade. Moçambique encontra-se em franco progresso legislativo, sendo de salientar a aprovação do novo Código Comercial, em 2005. Portugal, em matéria do Direito Comercial Geral, vai ficando para trás, permanecendo arreigado ao velhíssimo Código de Veiga Beirão, de 1888, já revogado em muitíssimas partes, e que de Código hoje pouco tem. Para quando uma efectiva modernização do nosso Direito Comercial Geral?

sábado, 18 de abril de 2009

De novo o caso Freeport.

No seu Jornal Nacional de sexta-feira, a investigação jornalística da TVI em torno do caso Freeport vai colocando cada vez mais em causa politicamente o Governo e o próprio regime democrático. A divulgação deste vídeo é mais uma acha para a fogueira que vai descredibilizando o regime junto da opinião pública. Se este caso não for totalmente esclarecido, a confiança do povo nas instituições políticas ficará seriamente abalada, o que será gravíssimo, pois essa confiança é a base de sustentação de qualquer regime democrático. Ora, não é com estas respostas que essa confiança é recuperada.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

O Bloco de Esquerda com maioria parlamentar.

Conforme se pode ler aqui, e aqui, assistimos ontem à constituição de uma nova maioria parlamentar: o grande Bloco de Esquerda. Essa maioria integra o PS, dividido entre as versões Sócrates e Alegre, o PCP e o PEV. Mas a verdadeira vanguarda da maioria é composta pelo Bloco de Esquerda no seu sentido tradicional, obedecendo escrupulosamente todos os partidos da maioria parlamentar ao seu líder, Francisco Louçã, aprovando de cruz as suas propostas legislativas, por mais questionáveis que estas se apresentem. O Governo, por seu lado, também já se assumiu como emanação desta nova maioria, limitando-se o Conselho de Ministros a replicar no Governo as propostas que o novo líder apresenta no Parlamento.

Temos aqui uma amostra do que vai acontecer em Portugal se os partidos de esquerda ganharem as próximas eleições legislativas. Não me parece, no entanto, que seja com este tipo de respostas que o PSD pode impedir esse resultado.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

O Ilhéu das Rolas





O Ilhéu das Rolas parece um verdadeiro paraíso turístico à primeira vista. No entanto, quem conhece estas ilhas sabe que em trinta segundos a chuva pode estragar completamente o descanso ao sol que os turistas ambicionam.

O sul da Ilha de S. Tomé







Paisagens do sul de S. Tomé, vendo-se o morro do Cão Grande e Porto Alegre.

Paisagem do Norte de S. Tomé




Paisagens do norte de S. Tomé incluindo a Baía de Ana Chaves.


A Roça Rio de Ouro - Agostinho Neto





Quando estive em S. Tomé, em 1986, ainda pude assistir ao funcionamento da Roça Rio de Ouro então já nacionalizada com o nome de Agostinho Neto. Hoje, a roça está encerrada mas conserva, no silêncio das pedras, a memória de um sistema económico assente na exploração dos "contratados". Especialmente impressionante é olhar o hospital ao fundo, símbolo da mortandade que afectava os trabalhadores destas roças.

sábado, 4 de abril de 2009

Regresso a São Tomé.


Estive em São Tomé pela primeira vez em 1986. Regresso agora, passados 23 anos, a esta ilha magnífica do Golfo da Guiné, com uma vegetação luxuriante e paisagens de cortar a respiração. Que espectáculo é voltar a ver a Roça Agostinho Neto e a Cascata de São Nicolau. São Tomé está mais desenvolvido, talvez em virtude das receitas do petróleo, mas os habitantes continuam com a mesma simpatia de sempre. O que não faz sentido é ouvirmos no carro as emissões das rádios portuguesas para África a falar do trânsito à entrada de Lisboa. Será que imaginam que essa informação interessa aos ouvintes nesta ilha?

quarta-feira, 1 de abril de 2009

O Ministério Público e o caso Freeport.

Se se confirmarem as denúncias de pressões sobre os titulares do inquérito ao caso Freeport, estaremos perante uma questão gravíssima de regime. Não é de facto aceitável que o Ministério Público possa estar condicionado em processos que envolvam políticos. Antes pelo contrário, é nesses processos que se exige especialmente que a investigação criminal seja exercida com o máximo rigor e de forma independente. Exige-se, por isso, após a denúncia da situação pelo Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, que o Procurador-Geral da República garanta a independência dessa investigação criminal. Nesse sentido, acho que o comunicado deste foi insuficiente. Aguarda-se por melhores esclarecimentos.
Continuo a achar, porém, que, independentemente do resultado a que vá conduzir esta investigação, em termos políticos a situação do Governo está a tornar-se insustentável e só pode piorar. Depois de acusações de "campanha negra", e de queixas à ERC, surge agora a denúncia de pressões sobre o MP. Tudo isto é grave demais para que não haja consequências políticas deste caso.