quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Boatos.

As pessoas da minha geração seguramente que se recordarão do Verão Quente de 1975, e da onda de boatos que todos os dias surgia. Nessa altura surgiu nas ruas um célebre cartaz, salvo erro distribuído pelas Brigadas de Dinamização Cultural da Quinta Divisão do MFA, onde o boato era representado como um lacrau, que uma pessoa pisava. O cartaz dizia qualquer coisa como: "Não dês ouvidos à reacção. O boato é venenoso. O boato serve a reacção. É preciso esmagar o boato". Naturalmente que os efeitos do cartaz foram nulos, pois quem estava assustado com a situação fugiu do país ou pelo menos transferiu os seus bens para o estrangeiro, o que na altura era bem mais difícil do que é hoje.
Lembrou-me exactamente o estilo desse cartaz as declarações contra os boatos proferidas pelo Governador do Banco de Portugal e pela CMVM (ver aqui e aqui). Na verdade, é preocupante que as entidades reguladoras do sistema financeiro sintam necessidade de desmentir boatos, o que só demonstra a perturbação que a crise financeira está a causar. Penso que o efeito destas declarações até pode ser o contrário do pretendido. A mim ainda não me foi transmitido qualquer boato, pelo que fiquei com curiosidade de saber o que anda para aí a circular.
Na fabulosa série de televisão Yes, Minister, o Ministro dizia: "Não se deve acreditar em nada, até ser oficialmente desmentido". O desmentido oficial já ocorreu. Resta só saber concretamente a que boatos se referia...

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