domingo, 6 de julho de 2008

A decisão do Conselho de Justiça da FPF

Não consigo imaginar polémica mais prejudicial para o futebol português que aquela que se levantou à volta da decisão do Conselho de Justiça da FPF. Sendo este um órgão jurisdicional, deveria esforçar-se por tomar as suas decisões de forma serena e ponderada, evitando o espectáculo da exibição pública de desavenças entre os seus membros. Infelizmente, no entanto, aquilo a que se tem assistido é a uma guerra sem quartel, em que cada um procura impor à força as suas opiniões.
O Presidente acha que pode decidir por si só a questão do impedimento de um dos titulares, sem que os restantes membros sejam chamados a pronunciar-se. Depois, confrontado com o facto de a sua posição não fazer vencimento, acha igualmente que pode por si só decretar o encerramento da reunião e elaborar também isoladamente a acta, como se as actas não tivessem que ser aprovadas por todos os membros do órgão, independentemente de quem as assina. Parece-me que o Presidente do Conselho de Justiça está a esquecer-se que não é um órgão unipessoal, mas antes o membro de um órgão colegial.
Face a esta atitude do Presidente, acho que é legítima a decisão dos outros membros do Conselho em continuar a reunião e prosseguir com os assuntos da ordem de trabalhos, atento o facto de possuirem quorum para o efeito. Já me parece, no entanto, inaceitável que na mesma reunião - e portanto fora da ordem de trabalhos - deliberem instaurar um processo disciplinar ao Presidente, suspendendo-o logo preventivamente de funções, não indicando de que infracções disciplinares o Presidente é acusado, que justifiquem uma medida tão gravosa.
Está assim causada a ruptura no órgão jurisdicional mais importante do futebol português, com consequências imprevisíveis na organização dos campeonatos nacionais e nas provas europeias. Ora, perante uma situação desta gravidade, esperar-se-ia uma tomada de posição dos Presidentes da Liga e da FPF e dos responsáveis governamentais pelo sector. Assistiu-se, hoje, porém, a um extraordinário silêncio destas entidades. Estarão à espera que seja a UEFA a intervir neste imbróglio? Seria a vergonha suprema para o futebol português.

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